"Conheceis as seis virtudes e os seis defeitos nos quais pode cair aquele que quer praticar as seis virtudes sem conhecê-las bem? O defeito daquele que quer ser benfeitor e não quis aprender a sê-lo, é a falta de discernimento; o defeito daquele que ama a ciência e não ama o estudo, é o de cair em erro; o defeito daquele que gosta de cumprir promessas e não aprendeu a fazê-las, é prejudicar os outros, prometendo-lhes e dando-lhes coisas nocivas; o defeito daquele que ama a franqueza e não aprendeu a praticá-la é o de aconselhar a repreender muito livremente sem nenhuma consideração para com as pessoas; o defeito daquele que gosta de mostrar coragem e não aprendeu a saber doseá-la é perturbar a ordem; o defeito daquele que ama a firmeza de alma e não aprendeu a limitá-la é a temeridade."
Confúcio, in 'Os Anacletos'
(Verdade é, que não ando nada inspirada para escrever, mas ando inspirada para ler...
Um dia destes, disseram-me, (numa entrevista que realizei a uma Poetisa popular), e cito: que tão Poeta é aquele que escreve, como aquele que partilha o que lê. Cá está, eu não me sinto nenhuma escritora, mas na sequência do que me disseram, posso dizer que sou um pouco escritora, pela partilha que faço do que vou lendo e gostando! Este texto, gostei mesmo, é simplesmente fabuloso...ADOREI-O. Cá está a partilha!)
(Aquele Sorriso)
No TEMPO em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu era feliz e ninguém estava morto.
Na casa antiga, até eu fazer anos era uma tradição de há séculos,
E a alegria de todos, e a minha, estava certa com uma religião qualquer.
No TEMPO em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu tinha a grande saúde de não perceber coisa nenhuma,
De ser inteligente para entre a família,
E de não ter as esperanças que os outros tinham por mim.
Quando vim a ter esperanças, já não sabia ter esperanças.
Quando vim a olhar para a vida, perdera o sentido da vida.
Sim, o que fui de suposto a mim-mesmo,
O que fui de coração e parentesco.
O que fui de serões de meia-província,
O que fui de amarem-me e eu ser menino,
O que fui — ai, meu Deus!, o que só hoje sei que fui...
A que distância!...
(Nem o acho...)
O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!
O que eu sou hoje é como a umidade no corredor do fim da casa,
Pondo grelado nas paredes...
O que eu sou hoje (e a casa dos que me amaram treme através das minhas lágrimas),
O que eu sou hoje é terem vendido a casa,
É terem morrido todos,
É estar eu sobrevivente a mim-mesmo como um fósforo frio...
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos...
Que meu amor, como uma pessoa, esse tempo!
Desejo físico da alma de se encontrar ali outra vez,
Por uma viagem metafísica e carnal,
Com uma dualidade de eu para mim...
Comer o passado como pão de fome, sem tempo de manteiga nos dentes!
Vejo tudo outra vez com uma nitidez que me cega para o que há aqui...
A mesa posta com mais lugares, com melhores desenhos na loiça, com mais copos,
O aparador com muitas coisas — doces, frutas o resto na sombra debaixo do alçado —,
As tias velhas, os primos diferentes, e tudo era por minha causa,
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos...
Pára, meu coração!
Não penses! Deixa o pensar na cabeça!
Ó meu Deus, meu Deus, meu Deus!
Hoje já não faço anos.
Duro.
Somam-se-me dias.
Serei velho quando o for.
Mais nada.
Raiva de não ter trazido o passado roubado na algibeira!...
O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!...
Fernando Pessoa (Álvaro de Campos)
(Hoje é dia do ano mais importante para mim, o dia em que nasci. Diz a minha mãe, que foi um parto dificil (até nesse dia fui mau feitio, xiça!...), e que nasci por voltas das 8H15 da manhã!
Mas é à minha querida Mãe, que quero aqui deixar a minha sincera e mais que merecida homenagem, pelo sofrimento desses dias que precederam o meu nascimento, (sim foram uns quantos dias de sofrimento para ela, eu ainda sou do tempo em que se nascia em casa). Mas acima de tudo pela Grande Mulher que foi, e, é. Pela educação que me deu, pela maneira que sempre me fez ver a vida, pelos principios que sempre me ensinou...Porque tudo o que sou hoje, a ela o devo... Mas também por tudo aquilo que passamos juntas, e foi tanto e tanto, que só nós duas é que sabemos. Por isso tudo, e muito mais que tu sabes Mãe...Obrigada por seres a Grande Mulher que és, e por estares sempre a meu lado... Um beijo.)
"Para ser grande, sê inteiro: nada
Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive"
(Ricardo Reis)
"A coisa mais importante que você possui hoje,
é o dia de hoje.
O dia de hoje, mesmo que esteja espremido entre o ontem e o amanhã,
deve merecer total prioridade.
Só hoje você pode ser feliz...
O amanhã ainda não chegou... e já é muito tarde para ter sido feliz ontem.
A maior parte das nossas dores é fruto dos restos de ontem ou dos medos do amanhã.
Viva o dia de hoje com sabedoria...
Decida como irá alimentar os seus minutos, o seu trabalho, o seu descanso...
Faça tudo o que seja possível para que o dia de hoje seja seu, já que ele lhe foi dado tão generosamente.
Respeite-o de tal maneira que, quando for dormir, você possa dizer:
hoje eu fui capaz de viver e amar...
“Hoje fui feliz”! "
(Mário Campelo)
(Que Poema sublime, com sentido e principalmente com atitude. Depois de ter lido esta “obra de arte” deu-me a sensação de estar a olhar para um “espelho”… hummm!!!
Mais uma, vez achei que, devia partilhar! Como eu gosto cada vez mais de partilhar: partilhar os momentos, as ideias, as experiências...enfim a vida. Leva-me à tentação de acrescentar mais uma frase: “Viver é nascer, a cada momento”. Assumo sou uma apaixonada pela VIDA...com sempre, aquele SORRISO.)
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