Quarta-feira, 8 de Outubro de 2008

"O que há em mim é sobretudo cansaço"


O que há em mim é sobretudo cansaço
Não disto nem daquilo,
Nem sequer de tudo ou de nada:
Cansaço assim mesmo, ele mesmo,
Cansaço.

A subtileza das sensações inúteis,
As paixões violentas por coisa nenhuma,
Os amores intensos por o suposto alguém.
Essas coisas todas
Essas e o que faz falta nelas eternamente;
Tudo isso faz um cansaço,
Este cansaço,
Cansaço.

Há sem dúvida quem ame o infinito,
Há sem dúvida quem deseje o impossível,
Há sem dúvida quem não queira nada
Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles:
Porque eu amo infinitamente o finito,
Porque eu desejo impossivelmente o possível,
Porque eu quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,
Ou até se não puder ser...

E o resultado?
Para eles a vida vivida ou sonhada,
Para eles o sonho sonhado ou vivido,
Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto...
Para mim só um grande, um profundo,
E, ah com que felicidade infecundo, cansaço,
Um supremíssimo cansaço.
Íssimo, íssimo. íssimo,
Cansaço...

(Álvaro de Campos)

 

(Obrigada a quem, num momento tão dificil para mim, me ofereceu este poema... D. Teresa mais uma vez a minha admiração e agradecimento por estar sempre, sempre, ao meu lado... Um Sorriso)

música: Sam Brown - Stop

publicado por SV às 22:17
De toda a 10 de Outubro de 2008 às 01:02
Seja o que for que te dificulta o caminho, passará, com certeza.
Um grande beijo e um abraço apertado.


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